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Especial

História

A ORGANIZAÇÃO DO REMO

A primeira tentativa de criação de uma entidade representativa dos clubes de remo ocorreu em 1895, quando Botafogo, Union de Canotiers, Luiz Caldas, Gragoatá e Icarahy fundaram a União de Regatas Fluminense. Entretanto, a iniciativa não vingou.

Em 1897, o Botafogo, Gragoata, Icarahy, Flamengo, Veteranos do Remo e Praia Vermelha novamente tentaram faze-la funcionar, desta vez com sucesso. Seu primeiro presidente foi o Capitão de Mar e Guerra, Eduardo Ernesto Midosi.

Com regulamentos rígidos e promovendo regatas bem organizadas, a União foi se afirmando e ganhando espaço. Cada vez menos regatas eram realizadas sem sua aprovação e muitos clubes passaram a filiar-se à entidade. A União controlava o crescimento dos clubes. Para se filiarem, precisavam ter estatuto, diretoria e no mínimo três barcos. Eram obrigados a fornecer o nome dos barcos e o número de sócios. A União também estabelecia as categorias (profissionais, amadores e novos), regulamentava os barcos e até os uniformes, podendo ainda aplicar punições aos que descumprissem o Código.

Em 1898, a União de Regatas Fluminense promoveu o 1º Campeonato do Rio de Janeiro em baleeira a quatro remos, corrido em 1.600m e vencido pelo barco Alpha, do Grupo de Regatas Gragoatá. Presente o Presidente da República, Dr. Prudente de Moraes.

Em 2 de março de 1900, a União teve seu nome alterado para Conselho Superior de Regatas, cujo objetivo central era representar o esporte náutico brasileiro, e não apenas carioca. Dessa vez, um número maior de clubes assinou a ata de criação e de aprovação do novo Código: além de Gragoatá, Botafogo, Icarahy e Flamengo, fundadores da União, também assinaram a ata o Natação e Regatas, Boqueirão do Passeio, Vasco da Gama, Guanabara e Cajuense. A nova entidade aumentou as exigências para os interessados em filar-se: deveriam possuir todos os tipos de barcos de banco fixo, de origem nacional (canoa de 2 e de 4 remos, baleeira de 2, 4, 6 e 12 remos, bem como escaleres). Além disso, teriam que pagar pesadas taxas e mensalidades (um conto de réis para se filiarem, mensalidade de 50 mil réis, e 200 mil réis para disputar o Campeonato Brasileiro).

Para equilibrar mais as competições, os remadores foram divididos em juniores e seniores, não pela idade, mas pelas colocações já obtidas. Foi mantida a distinção entre profissionais e amadores. Deixou-se clara a definição de cada tipo de barco, visando a sua uniformização. Os clubes filiados eram proibidos de participar de regatas promovidas por não filiados, e vice-versa, uma forma de obrigar os não filiados a aderirem ao Conselho.

Em 6 de maio de 1902, o Conselho mudou seu nome para Federação Brazileira das Sociedades de Remo, deixando ainda mais claro seu projeto de controle nacional.

Em 1902, a Federação Brazileira das Sociedades de Remo realizou o 1º Campeonato do Remador, valendo como Campeonato Brasileiro. Foi disputado em canoe, na distância de 1.000m, e vencido pelo atleta Antonio Mendes de Oliveira Castro Filho, remando o barco Diva, do Club de Regatas de Botafogo. A partir de 1909, essa competição passou a ser chamada de Campeonato do Brazil e aberto a todas as Federações.

Entretanto, apesar da força da nova entidade, pouquíssimos clubes de outros Estados a ela aderiram, preferindo a maioria criar suas próprias federações. Inclusive no Rio de Janeiro, houve discordâncias. Em 1903, o Grupo de Regatas da União Náutica, o Rowing Club e o Club de Regatas Fluminense criaram o Conselho Nacional de Remo. Mas essa entidade, apesar de ter realizado três regatas, não logrou sucesso, tal a força que já possuía a Federação.

Na década de 1920, a Federação tinha ampliado sua área de atuação, dirigindo, também, a natação, pólo aquático e saltos ornamentais.

Em 1933, ocorreu uma cisão entre os clubes filiados à Federação Brazileira das Sociedades de Remo. Sendo agora uma entidade eclética à qual se filiaram clubes que não praticavam o remo, é provável que alguns clubes de remo não vissem com bons olhos essa divisão. Os dissidentes fundaram então a Liga Carioca de Remo. Botafogo, Gragoata, Icarahy e Flamengo, que continuaram vinculados à entidade, mudaram seu nome para Federação Brasileira de Desportos Aquáticos e, no ano seguinte, para Federação Aquática do Rio de Janeiro.

Em 21 de fevereiro de 1938, todos os clubes filiados a ambas as entidades reuniram-se na sede do Botafogo Football Club e deliberaram pacificar os esportes aquáticos, ficando decidida a criação da Liga de Remo do Rio de Janeiro e da Liga de Natação do Rio de Janeiro (esta responsável também pelo pólo aquático e saltos ornamentais), cujos estatutos começaram a ser discutidos em 11 de abril.

Posteriormente, em 31 de janeiro de 1942, a Liga de Remo do Rio de Janeiro mudou seu nome para Federação Metropolitana de Remo, por força do Decreto-Lei 3.199, de 1941, que veio regulamentar a organização esportiva no Brasil.

Em 1975, com a fusão dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro, a FMR passou a chamar-se Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro.

 

BIBLIOGRAFIA :

Mendonça, Alberto B. – Historia do sport náutico no Brazil. Rio de Janeiro. Federação Brazileira das Sociedades de Remo, 1909
Licht, Henrique – O remo através dos tempos. Porto Alegre.Corag, 1986.
Andrade de Melo, Victor – Cidadesportiva. Rio de Janeiro. Dumará, 2001.
Almeida, Carlos Osório de – 100 Anos de FRERJ. Palestra proferida no Clube Naval, por ocasião das comemorações do centenário da FRERJ, 1997.
Reeberg, Wilson – Apostila de remo. Curso de Atualização em Jornalismo Esportivo.Associação dos Cronistas Esportivos do Estado do Rio de Janeiro, 1983.
FAERJ – A História da Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro.